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A VOZ DO PÁROCO

        É bem verdade que a vida de um frade é marcada por uma constante apostólica: a itinerância. Itinerância esta que nos leva sempre a desbravar novos horizontes e a nos lançar ainda mais, para que se cumpra o mandato de Nosso Senhor: “Avancem para as águas mais profundas” (Lc 5, 4). Avançar para águas mais profundas é uma necessidade que se nos impõe a nós que nos declaramos discípulos. Avançar às aguas mais profundas é para que o Evangelho, de fato, se expanda e chegue até os confins do universo. Mas, cuidemos: a pesca somente será prodigiosa se nos atermos à santa Palavra, pois, os discípulos ‘em atenção à Palavra, lançaram as redes’. Não hesitemos! Lancemos também as nossas redes!
Frei Marcelo, pároco do Convento de Caruaru-PE
Agradeço e louvo a Santíssima Trindade pela doação e serviço do Frei Abelardo Oliveira, pelo seu trabalho e missão, com amor e zelo por esta comunidade, nas suas dimensões: espiritual, pastoral, cultural e social. Ao meu querido confrade, minha gratidão pelo testemunho de fé e dedicação. Agora, noutras terras, ele é convidado a semear e dar frutos! Que a Virgem da Penha, nossa amada Mãe e Padroeira, o acompanhe nessa nova missão!
Aqui, novamente chego eu, passados vinte anos, retorno para assumir a missão de Administrador paroquial. Aqui neste convento iniciei minha caminhada vocacional, à época, fui acolhido pelo Frei Vieira. Caruaru e eu já temos uma história! Pároco que quer dizer, por primeiro, pai na fé – do latim “pater”. Eis, pois, o que desejo ser para esta porção a mim confiada: Pai! Pai que educa, aconselha, anima, exorta, corrige, escuta... e acima de tudo, ama! O amor é intrínseco à missão sacerdotal. O celibato existe na Igreja porque Deus suscitou, no meio de seu povo, corações desejosos a tudo abdicarem; corações dispostos a se entregarem de uma tal maneira que não poderiam se dividir; corações inteiramente para o Amor (o Amor que não é amado, nos recorda São Francisco).
“Eis-me aqui, Senhor” (1 Sm 3, 4)
Embora indigno, ainda que tão cheio de limites, mas, plenamente confiante na misericórdia d’Aquele que é fiel e me chama a participar de sua fidelidade por meio do sacerdócio ministerial. Volto-me à fala do jovem Samuel: “Eis-me aqui, Senhor”, pois, fiz dela o meu lema sacerdotal. Noutras palavras, escolhi este versículo para simbolizar o que eu desejo como sacerdote: um contínuo e verdadeiro se doar; estar apto e sempre em prontidão para acolher a vontade do Senhor.
É com alegria e entusiasmo que recebo, oficialmente hoje, a posse canônica para exercer o Ministério de Administrador paroquial, Ministério este, que faz com que eu me comprometa ainda mais com todos os paroquianos e devotos de Santo Antônio, com todos quanto acorrem diariamente a esta Casa de Deus, Casa do Sagrado Coração de Jesus, casa de irmãos que buscam viver no mundo sem nada possuir, sendo castos e obedientes. Inicialmente, expresso que tenho consciência das responsabilidades e do que, ao longo do caminho, haverei de encontrar. Além da graça de Deus e do Doce Amparo da Virgem Maria, temos generosas lideranças, e com o auxílio dos frades que compõem esta fraternidade e do povo santo de Deus, convenço-me: não estou sozinho!
Nesse momento, quero acolher o Frei Jociel Gomes que também fora transferido do Convento da Penha. Frei Jociel, meu caro amigo, desejo contar também com o senhor, sua disponibilidade, seu empenho e esmero. De igual maneira, apesar da ausência, acolher também o Frei Dimas que estará vindo morar neste convento. Bem como, desde já, conto com a amizade e a dedicação dos meus queridos irmãos que aqui já se encontram: Frei Hélio Junior, Frei Vieira, Frei Lopes, Frei Miguel, nosso eremita, o Frei Sálvio e, do mesmo modo, aos frades estudantes. Meus irmãos, fica, portanto, o compromisso de buscar o Senhor Jesus, de ajudar a buscá-Lo, de fazer o possível para não sermos empecilhos no encontro com Nosso Senhor, desse Jesus que, independentemente do lugar ou de qualquer outra condição, somos servos e nunca teremos feito mais do que deveríamos ter feito.
E, assim, ao fazermos o que precisar ser feito, nós o faremos motivados pelo desejo de testemunhar a caridade, pela preocupação com os que sofrem, com os que, embora filhos e filhas do Bom Deus, vivem em situações que nem os animais aceitam. Onde quer que estejamos, nos tem lembrado o Papa Francisco, precisamos caminhar para as periferias da existência humana, isto é, precisamos caminhar para onde – é claro! – Deus já chegou, mas nós, seus filhos e filhas, nós, discípulos de Jesus, algumas vezes sequer tomamos a iniciativa de nos deslocar para lá.
Desde a publicação da minha transferência, tenho rezado para corresponder às exigências e ser fiel à missão que agora sou chamado; para caminhar junto ao povo como o Bom Pastor, para conseguir êxito na evangelização e na administração. Neste itinerário, longe de querer realizar sozinho qualquer ação evangelizadora, estarei em comunhão com a Igreja, na pessoa do Santo Padre, o Papa Francisco; com a Diocese, na pessoa de nosso bispo Dom Dino e com a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos (PRONEB).
Meus diletos paroquianos, o que foi bom, precisa continuar melhorando. O que deixou a desejar, nos empenhemos e juntos vamos trabalhar para alcançar a estatura de Cristo. Se temos alguma meta, esta se chama Cristo Nosso Senhor. Tudo que d’Ele foge ou se distancia, nem ousemos a nos aproximar! Agora, de fato, começaremos um novo tempo, uma nova história! Desejamos, de coração, contar com cada um e cada uma, a escrever mais uma página dessa linda história de dedicação e serviço daqueles que nos antecederam! Nutro também a feliz expectativa de conseguirmos atingir mais as pessoas, ir ao encontro delas, e não apenas esperar que elas venham até nós. Como dizia Santo Antônio, que arrastemos as pessoas mais com nossos exemplos do que com nossas palavras. O que fazer? Como fazer? No decorrer da caminhada, esperamos encontrar as devidas respostas!
Faço minhas, as palavras do apóstolo Paulo aos Filipenses: “Sempre, em todas as minhas orações, rezo por vós com alegria, por causa da vossa comunhão conosco na divulgação do evangelho”(Fil 1, 4). Quero lançar as minhas redes em águas mais profundas, Senhor: “Eis-me aqui. Envia-me”. No Coração de Jesus, a todos aqui presentes, o meu muito obrigado! Que Deus e a Sempre Virgem Maria vos abençoe! Plenamente consciente de minhas misérias e minhas tantas limitações, lanço-me mais uma vez nas Mãos do Altíssimo, Onipotente e Bom Senhor e, como filho dileto de Maria Santíssima, a Virgem Imaculada, coloque-me confiadamente sob sua proteção. Encarecidamente, aos irmãos confrades, peço-vos na caridade, busquemos aqui caminhar juntos, fazendo com que, de fato, o Reino de Deus seja propagado! Como iniciei na capital paraibana, João Pessoa, aqui recordo-vos uma máxima muito pertinente e um altivo convite de Nosso Pai São Francisco. Com ela termino: “Irmãos, vamos recomeçar, pois pouco ou nada fizemos”.


Frei Marcelo Araújo de Lima, OFMcap

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